quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O que realmente é importante para emagrecer

Só contar calorias não garante a perda de peso que você tanto deseja. Para conquistar contornos de dar inveja — e mantê-los assim —, o que vale mesmo é controlar o consumo de gorduras

 O prato ao lado frequenta a mesa dos brasileiros com assiduidade. É certo que ele tem lá suas benesses — afinal de contas, estão aí muitos dos ingredientes necessários para uma alimentação salutar. Mas essa refeição dificulta, sim, as tentativas de afinar a cintura. Agora vem a pergunta: por quê? Muitos, em busca de uma resposta rápida, irão atrás do total de calorias presentes nesse cardápio tipicamente verde-amarelo. E o número em questão deve ser considerado, porém está longe de ser o único fator na matemática do emagrecimento.

Uma revisão de inúmeros artigos feita na Universidade de São Paulo (USP) mostra que comidas gordurosas se transformam em pneuzinhos com mais rapidez do que as ricas em carboidrato, mesmo quando o índice calórico das duas é similar. "O risco de conversão em gordura corporal, no primeiro caso, é de 96%, contra apenas 46% no segundo", aponta a nutricionista Patrícia Lopes de Campos Ferraz, uma das pesquisadoras que assinaram o estudo. Mais: a gente precisa — sim, precisa! — de carboidrato para acabar com a pança. "Um subproduto dele é essencial na quebra de lipídios no organismo", ressalta Antônio Herbert Lancha Júnior, outro autor do trabalho e coordenador do Laboratório de Nutrição e Metabolismos Aplicados à Atividade Motora da USP. Sem esse nutriente, o corpo é obrigado a usar substratos provenientes da degradação dos músculos para dar cabo da adiposidade. Ou seja, cortar calorias sem ficar atento ao que está sendo tirado da bandeja pode resultar em perda de musculatura — um verdadeiro tiro no pé. O ponteiro da balança cai, mas a barriga saliente continua lá, incólume. "É por essas e por outras que emagrecer não é só sinônimo de perder peso", arremata Lancha Júnior.

Recentemente, o Vigilantes do Peso reformulou sua proposta dietética. Isso ocorreu justamente porque integrantes do programa de emagrecimento, um dos mais conhecidos do mundo, verifi caram uma margem de erro de nada menos que 25% nos cálculos que só levam em conta o consumo calórico. Um dos maiores motivos para isso atende pelo nome de termogênese alimentar.

"Cada alimento exige um gasto energético diferente para ser digerido", explica o endocrinologista Márcio Mancini, responsável pelo Grupo de Obesidade do Hospital das Clínicas de São Paulo. "O carboidrato, por exemplo, requer que o organismo queime até 20% das calorias desse nutriente para que ele próprio seja armazenado. Já com a gordura, isso gira em torno de 3%." É por isso que não dá para focar apenas em um item da tabela nutricional impressa no rótulo dos produtos.

O emagrecimento, contudo, não se limita a equações energéticas. O nosso apetite também infl ui, e muito, no sucesso de qualquer regime. E itens gordurosos como um toucinho desregulam a vontade de comer. Aqui vale deixar bem claro que estamos falando de um tipo específico de gordura: a saturada. "Em excesso, ela ativa o sistema imunológico, causando infl amações por todo o corpo, inclusive na cabeça", explica Marciane Milanski, nutricionista da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista. Essa resposta do organismo, por sua vez, difi culta a ação da leptina e da insulina, substâncias que, quando agem na massa cinzenta, trazem a sensação de saciedade. Resultado: você ganha uma fome de leão e, aí, fi ca complicado resistir a doces, batatas fritas e pizzas.

Para piorar, uma dieta recheada com esse ácido graxo em longo prazo desequilibra a atuação de hormônios gastrintestinais responsáveis por quanto ingerimos durante uma refeição. Essa é a porta de entrada para porções cada vez mais fartas e, consequentemente, mais engordativas. Que fique claro: ninguém está pedindo para banir a gordura do cardápio — sem radicalismos, lembra-se? O que os especialistas sugerem é diminuir sua importância no prato e priorizar as versões mais saudáveis. Pode parecer impossível, porém algumas delas até ajudam a conquistar aquela desejada barriga chapada.

Um regime equilibrado não é feito apenas de limitações. Há elementos que devem ser contemplados em porções signifi cativas para esculpir o corpo e, mais importante do que isso, para garantir que a cintura permaneça assim por anos a fi o. Pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, deixaram isso bem claro. Eles selecionaram 773 adultos que haviam emagrecido recentemente e pediram que uma parte deles seguisse uma dieta rica em proteínas por 26 semanas. O restante se alimentou com poucas fontes do nutriente, preocupando-se somente com calorias e, em menor grau, com as gorduras. Conclusão: a maioria dos integrantes do primeiro grupo se manteve nos trinques, enquanto, no segundo, muitos indivíduos voltaram a apresentar aquela barriguinha saliente.

"A proteína gera muita saciedade e é formadora de músculos, que naturalmente elevam o nosso gasto energético", aponta Beatriz Botéquio de Moraes, nutricionista da Equilibrium Consultoria, em São Paulo. "O ideal é que ela entre na alimentação por meio de fontes pouco gordurosas, como a soja ou as carnes magras", sugere. Entretanto, diferentemente do que muitos malhadores de academia pensam, não adianta nada engolir bifes e mais bifes para ficar sarado. Na verdade, o corpo só consegue processar determinada quantidade da substância — em média, 1 grama por quilo de peso corporal. Em longo prazo, o excesso pode culminar em problemas nos rins. Outra coisa que precisa frequentar nosso estômago são as fibras. "Elas retardam o esvaziamento gástrico e diminuem os picos de insulina após uma refeição", pontua a nutricionista Denise Machado Mourão, do Grupo de Estudos em Nutrição e Obesidade da Universidade Federal de Viçosa, no interior de Minas Gerais. Isso quer dizer que, além de acabarem com o apetite desmedido, ainda mantêm o hormônio em níveis adequados. Explica-se: em doses controladas, ele transmite o sinal de que é hora de parar de comer. Mas, em abundância, enche o estoque de gordura. Para recorrer às fi bras, é fácil. Basta investir em frutas, legumes, verduras e cereais integrais — e é por isso que o arroz com um tom mais escuro entra no prato ao lado.

Muita gente também se esquece dos minerais. "Sem eles, é como se o seu corpo fosse um carro possante, zeroquilômetro, mas sem nenhum óleo para lubrifi cação. Daí, ele pifa", alerta Denise. Começam, inclusive, a surgir trabalhos científi cos relacionando o cálcio a um abdômen liso. "Uma das teorias é que esse nutriente dos laticínios participe do processo de quebra de gorduras", esclarece Durval Ribas Filho, da Abran.

Pode soar estranho, porém o sucesso de qualquer regime não depende só do que ingerimos. A distribuição de refeições ao longo do dia pode fazer toda a diferença quando o assunto é emagrecimento. "É importante se alimentar muitas vezes, com porções controladas. Caso contrário, o corpo entende que está faltando comida no ambiente e passa a trabalhar em um ritmo mais lento", reforça Lancha Júnior. Por falar em ritmo lento, quem tenta debelar a obesidade sem sair do sofá difi cilmente conseguirá resultados realmente satisfatórios. É aquela velha história: a pessoa pode até perder peso, mas ao custo de ver toda a musculatura definhar. Além de um corpo magro, mas com barriga, e flácido, o maior problema disso é que, com menos músculos, o gasto energético decai. Aí, qualquer pequeno exagero à mesa repercute com intensidade acima dos quadris. "Isso sem contar que o exercício físico aumenta a adesão aos regimes", complementa o bioquímico Roberto Carlos Burini, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, no interior paulista.

Já que prestar atenção somente no peso não é uma maneira confiável de medir o emagrecimento, a balança deve ser utilizada, no máximo, como mais uma entre outras referências. Médicos e nutricionistas determinam a quantidade de gordura corporal por meio de exames complexos, como a bioimpedância. Nesse teste, eletrodos são fixados pelo corpo e a velocidade com que um impulso elétrico demora a chegar de um ponto a outro ajuda a fornecer esse dado. Mas sejamos sinceros: é complicado e até caro refazer essa espécie de avaliação regularmente. "Um jeito fácil e eficaz é se controlar pelas roupas", ensina Lancha Júnior. Se você entrar naquela calça antes apertada demais, é um bom sinal!

AS TENTAÇÕES DO FINAL DE ANO

Falar de dieta poucos dias antes de virar a folha do calendário parece tortura, não é mesmo? Não se preocupe. Com poucos rearranjos, comer muito bem nas festividades da década que se encerra não precisa ser necessariamente sinônimo de atentado à cintura. Um belo exemplo está ilustrado na página ao lado, com direito a champanhe e tudo. Para se deliciar com cardápios como esse, basta seguir algumas recomendações. "Durante a preparação do banquete, evite petiscar todos os quitutes", indica a nutricionista Beatriz Botéquio de Moraes. E, sempre que possível, opte pelas versões mais magras dos produtos usados na receita.

Um hábito pouco saudável e mui to comum é o de praticamente jejuar durante o dia para se empanturrar na hora da celebração. Em vez disso, que t a l fazer um menu leve, que inclua frutas, hortaliças, cereais e carnes magras? Desse modo, dá para manter as gorduras sob controle e extrapolar — com responsabilidade, é claro — nas refeições comemorativas. Quer prova mais clara de que é possível se deliciar sem abrir mão de um corpo invejável? Saúde!

DEPOIS DE TRÊS HORAS SEM COLOCAR ALGO NO ESTÔMAGO, SEU ORGANISMO JÁ DIMINUI O PRÓPRIO GASTO ENERGÉTICO. LANCHES LEVES E FI BROSOS, COMO UMA MAÇÃ, SÃO BOAS ALTERNATIVAS PARA FUGIR DESSA ENRASCADA

TIPICAMENTE BRASILEIRO

As calorias já mostram que o combinado tupiniquim é um pouco pesado. Para agravar, é preciso fi car de olho na quantidade de gordura saturada do popular prato feito, considerada alta para quem tem dobras de sobra. Nas próximas páginas, você verá que, com poucas alterações, dá para deixá-lo mais magro.

• 3 folhas de alface (30 g) — 3,03 Kcal
• 3 rodelas de tomate (45 g) — 8,37 Kcal
• 1 concha média de feijão-preto (140 g) — 109,9 Kcal e 0,14 g de gordura saturada
• 1 fatia de picanha de 150 g — 357 Kcal e 6,75 g de gordura saturada
• 5 colheres de sopa de arroz (125 g) — 155,25 Kcal e 0,31 g de gordura saturada
• 1 ovo frito (50 g) — 148 Kcal e 2,67 g de gordura saturada

CONTA FINAL
781,55 Kcal
9,87 g de gordura saturada


CORTES PROVIDENCIAIS

Repare que o arroz não foi o único a perder espaço no prato, como muitas pessoas costumam fazer quando querem ficar de bem com o espelho. A picanha, uma bela fonte de proteínas, mas que também tem muita gordura saturada, acabou sendo reduzida pela metade. Vire a página e descubra quais toques fi nais deixarão esta opção mais equilibrada e verdadeiramente light para o emagrecimento não estacionar.

• folhas de alface (30 g) — 3,03 Kcal
• 3 rodelas de tomate (45 g) — 8,37 Kcal
• 1 concha pequena de feijão-preto (70 g) — 54,95 Kcal e 0,07 g de gordura saturada
• 1 fatia de 75 g de picanha — 178,5 Kcal e 3,37 g de gordura saturada
• 2 colheres de sopa e meia de arroz (60 g) — 74,52 Kcal e 0,15 g de gordura saturada
• 1 ovo frito (50 g) — 148 Kcal e 2,67 g de gordura saturada

CONTA FINAL
467,37 Kcal
6,26 g de gordura saturada


É ASSIM QUE SE FAZ

Esta opção tem mais calorias do que a anterior. Mas o que interessa é sua menor taxa de gorduras saturadas. Integral, o arroz é rico em fibras. Já o ovo, cozido, fi ca magro. Na salada, o azeite fornece gorduras insaturadas na dose certa, enquanto os vegetais trazem vitaminas e minerais que fazem o organismo funcionar como uma máquina nova.

• 1 colher de sopa de azeite (8 g) — 72 Kcal e 1,19 g de gordura saturada
• 1 concha pequena de feijão-preto (70 g) — 54,95 Kcal e 0,07 g de gordura saturada
• 3 folhas de alface (30 g) — 3,03 Kcal
• 3 rodelas de tomate (45 g) — 8,37 Kcal
• 2 colheres de sopa de cenoura cozida (50 g) — 15,9 Kcal
• 2 colheres de sopa de abobrinha cozida (50 g) — 14,22 Kcal
• 1 fatia de 75 g de picanha — 178,5 Kcal e 3,37 g de gordura saturada
• 2 colheres de sopa de couve-manteiga refogada (40 g) — 13,52 Kcal
• 3 colheres de sopa de arroz integral (60 g) — 73,56 Kcal e 0,18 g de gordura saturada
• 1 ovo cozido (50 g) — 63,49 Kcal e 1,19 g de gordura saturada

CONTA FINAL
497,54 Kcal
6 g de gordura saturada


PRA COMEÇAR 2011 BEM

Sim, está liberado: você pode se permitir uma refeição mais calórica no final de ano. O pernil oferece proteínas, enquanto a farofa e o arroz garantem um bom aporte de carboidratos. A salada verde e a lentilha dão aquele gosto especial, além de fornecerem minerais e vitaminas que fazem o organismo trabalhar a ponto de bala. E, claro, não pode faltar a taça de champanhe para brindar o começo de um novo ano. Só cuidado com as porções.

• 1 romã — 62 kcal
• 15 bagos (100 g) de uva — 76 kcal e 0,3 g de gordura saturada
• 2 taças de champanhe — 170 kcal
• 2 colheres de sopa de lentilha com calabresa — 300 kcal e 3,19 g de gordura saturada
• 2 colheres de sopa de arroz — 80 kcal e 0,05 g de gordura saturada
• 1 fatia (100 g) de pernil de porco assado — 262 kcal e 4,2 g de gordura saturada
• 1 colher de sopa de farofa — 70 kcal e 0,045 g de gordura saturada
• 1 prato pequeno de salada verde com maionese — 90 kcal 1,3 g de gordura saturada


CONTA FINAL
1 110 Kcal
9,08 g de gordura saturada

Muitas são as dietas que pregam a proibição de um nutriente específi co. Por serem facilmente assimiladas — basta limar alguns alimentos —, acabam caindo na boca do povo. "Todos procuram a solução mágica, mas isso está por trás de vários problemas", destaca o nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Um deles, acredite ou não, é o acréscimo de quilos indesejados. Isso porque o desequilíbrio vindo das restrições exageradas, após algum tempo, diminui a efi ciência do organismo em se desfazer da massa gorda.

LEIA (TODO) O RÓTULO
Alguns produtos são bastante calóricos, mas, por outro lado, têm uma menor quantidade de gorduras saturadas ou trans. Vale a pena conferir se eles estão repletos das versões insaturadas, que, consumidas moderadamente, são benéficas para o sucesso de uma dieta. Também fique de olhos abertos para a porção indicada. Às vezes os números apresentados são pequenos, ou até nulos, mas só porque a dose é igualmente minúscula — e inviável.

LÍQUIDO OU SÓLIDO?
As frutas são belas parceiras da boa saúde, não importa a forma como são apresentadas na mesa. Agora, quando o objetivo é secar os excessos gordurosos, aposte nas versões in natura. Assim você aproveita melhor suas fibras. Para quem acha que é pouco, o suco ainda carrega mais frutose, um açúcar que, em demasia, contribui para o ganho de quilos indesejados.

POTENCIALIZE O EXERCÍCIO
Antes da atividade física, é sempre bom ingerir fontes de carboidratos simples, como uma fruta leve. "Também é necessário estar hidratado", conta Roberto Carlos Burini, bioquímico da Unesp. Essas atitudes aumentam a resistência e, indiretamente, benefi ciam o desenvolvimento muscular. Evite fi car sem comer ou, por outro lado, engolir alimentos fi brosos e refrigerantes. Após a suadeira, lance mão de alimentos proteicos, como o peito de peru, mas sem exagerar.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Que engorda mais, suco natural ou refrigerante ?

Sucos naturais e outras bebidas podem sabotar o seu empenho para enxugar a silhueta. O lado bom é que, ao saber disso, fica mais fácil escapar dessa armadilha.

Você evita o sanduíche pensando que pode ser calórico demais. Olha para o lado e pede um suco de laranja. Ops, a opção não é a mais certeira para quem está brigando contra a balança — para começo de conversa, as duas escolhas têm a mesma dose de calorias. E o suco pode ser mais enganador… A informação veio da Faculdade de Medicina Johns Hopkins, que recentemente divulgou os resultados de um estudo sobre a alimentação de 810 adultos entre 25 e 79 anos nos Estados Unidos.

Ao longo de um ano e meio, os voluntários foram acompanhados em duas etapas, com duração de seis meses cada uma. Na primeira, tiveram que retirar uma dose de bebida com açúcar por dia, fosse um suco ou um refrigerante. Na segunda, cortaram da ingestão diária uma porção de alimento sólido com o mesmo valor calórico do líquido.

Conclusão: a restrição de líquidos fez perder mais peso do que a de sólidos. Meio quilo contra 100 gramas no período. A razão é simples para a nutricionista Helena Novareti, da Universidade Federal de São Paulo: "Quem faz dieta controla melhor o consumo de massas, carnes e petiscos". O abuso da bebida acaba acontecendo porque ela é digerida mais rapidamente e por isso a sensação de fome volta logo. No caso de itens sólidos, o que mais conta a seu favor é a mastigação. É durante esse processo que a sensação de saciedade já começa a ser produzida.

Um engano comum é pensar que substituir refrigerante ou suco industrializado por um suco de fruta natural irá resolver a questão da quantidade de calorias. Infelizmente, não vai. "Embora bem mais saudáveis, as frutas também têm seu açúcar, e, portanto, engordam. A dica para não exagerar é contabilizar os sucos naturais que você tomou dentro da recomendação de consumo de três frutas por dia", diz Helena. Um de laranja, por exemplo, já contém as três porções ( veja o infográfico "Quanto de fruta tem")

Para aqueles que estão pensando em optar pelas bebidas diet, light ou zero, atenção. "Elas possuem teores de adoçantes e conservantes muito elevados. E contêm fósforo, que compete com o cálcio, fazendo com que esse importante mantenedor dos ossos não seja absorvido", explica Adriana Passos, nutricionista da PUC de Campinas, no interior de São Paulo.

A dica para refrescar-se sem culpa é dar preferência ao sumo de um limão ou maracujá misturado com um copo de água. Outra sugestão bem magrinha é mixar água aromatizada com uma fatia de abacaxi. Nesse caso, a variação das frutas ajuda a não enjoar dos sabores. E mais: se você alternar a bebida com a fruta in natura, garantirá ainda mais nutrientes. "É que, ao bater a fruta no liquidificador, as fibras, importantes no controle do peso, da glicose no sangue, do colesterol e do bom funcionamento intestinal, se perdem", esclarece a nutricionista Raquel Dammous, de São Paulo.

Seu cardápio e a labirintite

Com ajustes na alimentação, é possível driblar as crises típicas desse problema que interfere no equilíbrio e na qualidade de vida de uma porção de gente.

De repente parece que os pés perdem o apoio e o mundo gira, deixando o corpo desorientado no espaço. Não raro a tontura é acompanhada de um zumbido chato, surdez, náuseas, vômito, suor frio e palpitações. Para quem tem labirintite, como chamamos os distúrbios que acometem o labirinto, uma estrutura dentro da orelha, esses sintomas são familiares. E não é difícil entender por quê. Afinal, é nesse órgão que estão localizados os responsáveis por reger nossos centros de equilíbrio e audição. Logo, quando seu funcionamento é prejudicado, essas funções entram em pane, resultando nos infortúnios descritos acima.

A história complica um pouco na hora de apontar suas causas. Afinal, a lista é extensa: de doenças vasculares a disfunções hormonais, mais de 300 encrencas podem afetar o labirinto. "Na maioria das vezes os problemas ali são a campainha de alerta, e não o incêndio", avisa Arnaldo Guilherme, otorrinolaringologista da Universidade Federal de São Paulo. Sendo assim, além de investigar o motivo do fogaréu, faz-se necessário controlá-lo para livrar o órgão de enrascadas. E, para isso, é bom ficar de olho em um fator pouco comentado: a alimentação.

Nesse quesito, um dos principais inimigos do ouvido interno é o açúcar, escondido não só em guloseimas como chocolate, sorvete e bolachas recheadas como também em pães, tortas, bolos e massas feitos com farinha refinada. "Quando o indivíduo tem alterações na maneira de processar os carboidratos, ingerir muito açúcar pode interferir nas estruturas do labirinto, fazendo com que ele mande mensagens erradas ao cérebro", conta o otorrino Ítalo Medeiros, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Para saborear uma sobremesa sem riscos, o jeito é apostar no consumo de frutas como banana, abacaxi, maçã e pera. "Quem quiser um prato mais elaborado pode levá-las ao forno com um pouco de canela", sugere a nutricionista Roseli Rossi, da clínica Equilíbrio Nutricional, na capital paulista. E, no momento de se entregar às massas, o ideal é optar pelas integrais, já que suas fibras promovem uma absorção mais lenta da glicose.

O sal não fica atrás quando se fala nos perturbadores do labirinto, já que está relacionado ao aumento da pressão nos vasos. "Isso dificulta a irrigação e a chegada de nutrientes à parte interna da orelha", explica Guilherme. O primeiro passo para brecar esse engarrafamento é trocar o condimento por temperos naturais, como alecrim, cebolinha, sálvia e salsinha. Depois, é preciso aprender a dizer não aos alimentos ricos no ingrediente, entre os quais estão os salgadinhos, empanados, sopas prontas e lanches de fast food, e dar preferência a opções mais saudáveis, como biscoitos com pouco sal e sanduíches cheios de vegetais.

A lista de itens que merecem atenção no cardápio de quem tem episódios de vertigem não para na dupla sal e açúcar. Segundo Rita de Cássia Guimarães, otoneurologista da Universidade Federal do Paraná, é fundamental evitar o consumo de alimentos que estimulem demais o labirinto, como a cafeína presente no café e nos refrigerantes, especialmente naqueles à base de cola, e a teína encontrada nos chás de plantas e ervas, sem contar o chimarrão.

Abdicar do cafezinho de uma hora para a outra não é tarefa fácil. Com isso, sua versão descafeinada até pode ser uma alternativa, ainda assim apenas nos períodos em que as crises estiverem controladas. Isso porque mesmo ela tem doses menores de cafeína. "Durante o tratamento, é melhor cortar de vez a substância", frisa Medeiros. Nesses momentos, a recomendação é investir em chás de frutas. Já para ocupar o lugar dos refrigerantes, não tem conversa: a água de coco e os sucos naturais são os melhores candidatos.

Na turma dos excitantes labirínticos, é impossível deixar de mencionar as bebidas alcoólicas. "Elas podem causar uma intoxicação aguda e, assim, favorecer o aumento na densidade dos líquidos labirínticos. O resultado disso são vertigens agudas e intensas, vômitos e problemas na coordenação motora e nos reflexos", explica Rita. Portanto, caro leitor que vez ou outra vê tudo rodopiar, na próxima happy hour com o pessoal do escritório, uma ótima pedida para driblar a zonzeira é tomar coquetéis e cerveja sem álcool em vez de um chope ou uma caipirinha — o gosto não é o mesmo, mas pelo menos o copo não fica vazio.

Vale deixar claro que os cuidados para se safar dos surtos de labirintite não ficam restritos à avaliação cautelosa daquilo que vai à mesa. Cultivar outros hábitos saudáveis é igualmente importante no combate às tonturas. Entre eles, os especialistas destacam aquele que é quase um mantra: comer a cada três horas. "O labirinto precisa de um aporte constante de glicose e oxigênio para exercer suas funções. Ficar de jejum, portanto, não é uma boa ideia", comenta a nutricionista Roseli Rossi. Outra indicação clássica que não deve ser ignorada por quem tem o problema é hidratar- se com aproximadamente 2 litros de água por dia. "Ela é essencial para todas as reações biológicas que ocorrem no corpo", diz a nutricionista funcional e personal diet Luciana Harfenist, do Rio de Janeiro.

Para completar, procure ficar longe do tabaco. O vício, como você já deve estar cansado de ouvir, só tende a lesionar o organismo. E para quem sempre vê o mundo girar a história é ainda pior: "Por causa da nicotina e de uma série de outras substâncias, o cigarro mostra-se tóxico para o labirinto", conta a otoneurologista Rita Guimarães. Enfim, zelar por esse órgão não só torna os episódios de vertigem menos frequentes como também garante uma saúde de ferro.

Estrutura delicada

Segundo Rita de Cássia Guimarães, otoneurologista da Universidade Federal do Paraná, o labirinto possui uma irrigação sanguínea peculiar, proveniente de um único ramo arterial. Dessa forma, a nutrição inadequada das células presentes na região podem facilitar o desenvolvimento de doenças labirintíticas.

Se o problema é sintoma

Na maioria das vezes o labirinto só entra em parafuso por causa de doenças já instaladas no organismo. Conheça as principais e não dê bobeira

Hipertensão
O aperto nas artérias dificulta a chegada de sangue e nutrientes à orelha interna. A consequência, em longo prazo, pode ser a labirintite.

Hipotireoidismo
Quando o ritmo de trabalho da glândula tireoide diminui, o organismo todo sofre com a falta de energia. Inclusive o labirinto.

Colesterol e triglicérides elevados
Eles deixam o sangue mais espesso e, como os vasos próximos ao ouvido são fininhos, a circulação na área fica congestionada.

Diabete
O sobe e desce de açúcar no sangue é capaz de atrapalhar as tarefas desempenhadas pelo labirinto. Aí o sinal de alerta é a tontura.



Toxina botulínica no dentista reduz as dores na face e os efeitos do bruxismo com uma aplicação

Ela ganhou fama nos tratamentos estéticos por retardar o surgimento de marcas de expressão. Mas, quem diria, também minora dores e disfunções na mandíbula, além de deixar o sorriso mais bonito, sobretudo quando a gengiva aparece mais do que deveria. Estamos falando da toxina botulínica, um veneno produzido pela bactéria Clostridium botulinium, que, em pequenas doses, auxilia no combate a diversos problemas.

Ele é conhecido no meio médico desde a década de 1960. Porém, só há pouco mais de um ano ganhou espaço nos consultórios odontológicos do país.

No dentista, a aplicação mais comum é no tratamento do bruxismo, disfunção que afeta cerca de 30% dos brasileiros e se caracteriza pelo ranger de dentes durante o sono. “Ao aplicar a toxina no masseter, um dos músculos da face, a tensão diminui. Assim, o tecido não tem força suficiente para promover o atrito entre os dentes, capaz de causar desgaste”, explica Sidmarcio Ziroldo, que é professor da Universidade Cruzeiro do Sul, em Curitiba, no Paraná, e um dos pioneiros no uso da substância na odontologia.

Por trás da proeza, o velho mecanismo de ação dessa toxina: ela bloqueia a liberação de um químico chamado acetilcolina, neurotransmissor que transporta mensagens entre o cérebro e as fibras musculares. Sem ordens para se movimentar, o tecido relaxa e, quando sua tensão está por trás de tormentos, eles vão embora pelo menos durante os seis meses em que perdura o efeito.

“A toxina botulínica começa a atuar quatro dias depois da aplicação e sua ação diminui com o passar do tempo”, diz o neurologista Nilson Becker, colaborador do Ambulatório de Toxina Botulínica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Por isso, são necessárias novas picadas periodicamente. Mas sem exageros. “O intervalo mínimo é de 90 dias. Isso porque o organismo reconhece a substância como um corpo estranho e cria anticorpos contra ela”, lembra Becker. Se esse prazo for desrespeitado, há o risco de o tratamento não surtir o efeito esperado.

A vantagem desse recurso terapêutico é apresentar um resultado eficaz e rápido, sem quase nenhuma contraindicação. “Somente os intolerantes à lactose precisam evitá-lo”, alerta o especialista em periodontia Daniel Vasconcellos, da Academia Brasileira de Osseointegração. É que o açúcar do leite serve como uma espécie de veículo para a droga. Para quem tem esse tipo de reação, existem outras formulações, geralmente mais caras. “Também não recomendamos a toxina para indivíduos com atividade muscular comprometida, já que ela relaxará ainda mais o tecido”, finaliza Sidmarcio Ziroldo.

Os três usos na odonto
Conheça os tratamentos em que a toxina botulínica pode ser empregada pelo seu dentista

Bruxismo
O que é: o músculo mastigatório trabalha além da conta à noite, o que desencadeia o atrito entre os dentes e, como consequência, seu desgaste. Tratamento convencional: com placas noturnas, para impedir o contato entre os dentes. Vantagens da toxina botulínica: o método tradicional atrapalha o descanso. Com a toxina, isso não ocorre.

Dor facial
O que é: trata-se de uma sensação dolorosa provocada por alterações na articulação que liga o maxilar à mandíbula — ali está localizado um complexo sistema de músculos, ligamentos e ossos. Tratamento convencional: com medicamentos, que podem provocar efeitos colaterais. Vantagens da toxina botulínica: é aplicada diretamente no músculo, sem reações desagradáveis.

Sorriso gengival
O que é: disfunção em que a gengiva é exposta excessivamente quando o indivíduo sorri. Tratamento convencional: por meio de cirurgia. Vantagens da toxina botulínica: não é invasiva, sendo aplicada nos músculos responsáveis pelo sorriso, relaxando essa musculatura.

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